sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Dança e a Vida


Olá, amigos, hoje vou postar um texto escrito pela Fy, amiga virtual, do blog:

http://windmillsbyfy.wordpress.com/

Ela lança palavras para fecundar a harmonia entre Corpo, Ritmo, Dança, Vida e Imaginação...




A Dança e a Vida

- e.... que apresente linhas

mutantes “sem fora nem dentro, sem forma nem fundo, sem começo

nem fim, tão viva quanto uma variação contínua” -

Quando um corpo dança, abre-se para captar as mais finas vibrações , ele ativa sua sensibilidade, seus sentidos, para atrair a energia do mundo, de uma forma sutil, leve, que o faça transportar a novas passagens.

Quando um corpo dança , comunica-se com suas ausências e com seus silêncios, dá-se contorno : e, assim , potencializa o surgimento de novos corpos.
Isso o coloca numa outra dimensão temporal.
Colocar tempo no corpo pode significar abri-lo ao regime do sutil, ao devir imperceptível, às velocidades e lentidões, às pequenas percepções e ao vir a ser: Viver é como Dançar.

- Uma vez que se tenha encontrado a si mesmo é preciso saber, de tempo em tempo, perder-se. ... e depois reencontrar-se: pressuposto que se seja um pensador. A este, com efeito, é prejudicial estar sempre ligado a uma [ só ] pessoa. - [ em si-mesmo]

Nietzsche

Aceitemos a sugestão de Nietzsche.
Não sem antes oferecermos sobre ela uma certa : resistência.

E é porque acatamos, ao mesmo tempo em que resistimos, que o movimento se inicia e vemos surgir uma dança. Tal qual a Vida.

Dança que se faz de ampliações e recolhimentos, de aceitações e de resistências.

Se assim não fôsse, não haveria o surgimento do balançar que nos revela através de sua coreografia nascente, um novo ritmo, novas formas que acolhem e expressam transformações ocorridas, fruto de consentimento e ao mesmo tempo de violação exercida sobre esse corpo que dança. Ou que vive.

Vemos nesta dança a expressão de forças que obrigam esse corpo a ampliar-se, a recombinar seus elementos, a flexibilizar-se, a dizer “Sim”.

Forças que o fazem proteger-se, encorujar-se sobre si mesmo, endurecer-se, resistir aos apelos, dizer “Não”...

Balanço, dança, ritmo: Vida.

Não há Vida sem este movimento que ora recai do lado das forças que buscam Expansão.

Introduzimos a metáfora da dança, expressão desse movimento, para que possamos melhor visualizar o ritmo, o balanço que compõem a nossa própria existência como seres humanos.

Assim, um pouco mais entregues a este balançar, vamos dele nos aproximando, a fim de que possamos melhor observar as forças que o originam.

Didaticamente, seria bastante sedutor que pudéssemos separar estas forças em dois grupos distintos: um deles relativo ao Movimento de Retração e Recolhimento e o outro, relativo aos Movimentos de Expansão.

Mas, infelizmente, somos logo levados a não fazê-lo, pois não há intervalo suficiente entre eles que nos permita congelá-los em uma imagem estática e rígida.

O que há, , é “ritmo” : que fala de um Vai – e – Vem imperceptível, onde o movimento de ida , “já requer” : reclama o de volta.

Assim, o movimento de retração é sempre um apelo de suplemento ao movimento de expansão e vice-versa.

Isso nos permite afirmar que não há como privilegiar um polo, menosprezando o outro.

Os dois são absolutamente necessários à manutenção da Vida: o instituido, o mesmo, o reconhecível,o permanente, de um lado, e, do outro: o: “a ser instituído”, o devir, o novo, o diferente. [ o desconhecido ]


Fy

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Teatro : Um leigo em “Suspensão”


Uma mistura de influências de atos artísticos das mais diversas ordens: Shakespeare, Quentin Tarantino, Saramago, Nietzsche. Assim é a minha sensação, reflexão de um leigo em Teatro. A Peça em questão é Suspensão, da “Trupe Acima do Bem e do Mal”, grupo de Ribeirão Preto, com texto escrito por Lucas Arantes e dirigido por Mateus Barbassa, com o elenco: Fernanda Lins, Davi Tostes, Ademir Esteves, Maria Angélica Braga, Lucas Chaves.

Realmente, o efeito da obra fica em suspensão. Do grau de aturdimento deixado no Inconsciente, o “Consciente” fica tentando amalgamar ideias em torno da causa que gira no decorrer da peça.

As texturas experimentadas são de temperos com odores variados, como as sensações noturnas que costumam nos tragar, sensações inquietantes e angustiantes, em torno do motivo principal da peça que é um mundo sem ninguém, só o Avô, o ELE e o ELA. É a necessidade intrínseca à vida que é a necessidade da existência do Olhar do Outro.

Nomeado pelo diretor da peça como de influência do Pós-Dramático, o mundo espelhado no palco é de uma morte em busca da vida, ou a vida em busca de uma morte... O impacto do silêncio, da falta de motivos pelo qual se mover, se motivar e se esperançar...

O constante apagar das luzes em momentos-chave e a repetição de falas e cenas nas cenas, dão um aspecto cinematográfico à peça.


Quem quiser saber mais, acesse

www.lucasarantes.wordpress.com

domingo, 22 de novembro de 2009

Os sonhos e os alpinistas de ilusão


Esta noite tive um sonho:

Pela grande barba caída do pai, subia um menino em miniatura, isto é, um homenzinho do tamanho de um dedo mindinho. Escalava sua braba barba quase como um alpinista, ou um nadador subindo a cachoeira em vez de descê-la. Ele perpassava pelos pêlos misturados de cor branca e acinzentados, como se fossem águas banhadas por um sal grosso que estava já há muito tempo cristalizado por lá. Do queixo de seu pai, ele avançava pelo rosto endurecido, como um sabotador de formas, ora penteando flagelos de nariz, ora plantando espinhas com suas sementes de suor. Sabia que o caminho era tortuoso, salinizante, uma rivalidade que tomava conta do menino e do pai, principalmente quando espirrava, impedindo que o filho subisse ao topo, e assim sem delongas, visse que o mundo de cima é mais árido do que o cantinho das formigas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tecnologia, música e senso estético na modernidade (II)


Olá, segue link de novo artigo publicado no site e revista Luz & Terra. É o texto que está aqui já, mas revisitado, e mais completo, abrangendo a tecnologia em geral. Abrs!



domingo, 15 de novembro de 2009

Geyse e o Feminismo e o Masculinismo


Muito já se falou do caso Geyse e de suas repercussões. As interpretações sobre o fato e sobre qualquer “algo” da Vida consciente ou inconsciente são sempre infinitas.

Márcia Tiburi, filósofa, discorreu suas visões sobre o ocorrido. Na esteira do que ela falou, refleti sobre o assunto, e vou tentar me aproximar de algo que acho que tem um certo frescor. Para resumir, ela disse, comentando sobre o caso, que naquela universidade em que os fatos se desenrolaram, o que havia era uma espécie de rivalidade que se escondia por trás das ações dos “homens” presentes lá. Concordo com ela. A maneira que a garota estava vestida, com uma roupa extremamente sensual, era de alguma forma perturbadora para eles. Era o desejo inconfesso de “ser ela”. Era uma inveja latente do poder sensual feminino frente aos homens e às pessoas em geral.

Pensando um pouco além, o movimento feminista, a meu ver, sempre traçou um modelo de feminilidade de certa forma masculino, reclamando elas para si o direito de ter o que já é de fato da mulher: o lado masculino de sua personalidade. É certo que houve um certo exagero em tal movimentação, mas elas conseguiram externar o que já era algo que existia no íntimo feminino.

Os homens e sua masculinidade sempre foram perturbados e conflitados com seu desejo e com sua sensibilidade. Sempre com um certo pudor de demonstrar o lado feminino ou “sensível” de sua personalidade, que também é inerente ao ser Homem.

Para encontrar pistas do que eu estou tentando digerir, podemos pesquisar um pouco Freud, que nos fala sobre as vicissitudes e às voltas do Complexo Edípico, mais precisamente na Fase de Latência, onde o homem durante este período, está em fase de elaboração inconsciente das estruturas de relacionamento erótico ( as formas como iremos nos relacionar ). Um grande complexo em massa poderia estar girando na mente daqueles “Kids” na universidade.

Mais pistas são encontradas ao revisitar Jung. Na psique masculina, segundo ele, existe um fator, uma estrutura virtual inconsciente, que vem do inconsciente coletivo, dita procedente da imagem da mulher. Esse conceito, denomina ele ser a Anima. É como se fosse uma predisposição subjetiva em sua psique. Precisamente diz Jung, em seu livro “O Eu e o Inconsciente”: “Em última instância, consiste numa estrutura psíquica inata, que permite ao homem ter tais experiências. Assim, todo o ser do homem, corporal e espiritualmente, já pressupõe o da mulher. Seu sistema está orientado a priori para ela, do mesmo modo que para um mundo bem definido, em que há água, luz, ar, sal, hidratos de carbono, etc.”

Jung completa: “Reside aqui, sem dúvida, uma das principais fontes da qualidade feminina da alma. Mas, ao que parece, não é a única fonte. Não há homem algum tão exclusivamente masculino que não possua em si algo de feminino. O fato é que precisamente os homens muito masculinos possuem (se bem que oculta e bem guardada) uma vida afetiva muito delicada, que muitas vezes é injustamente tida como "feminina". O homem considera uma virtude reprimir da melhor maneira possível seus traços femininos. Analogamente, a mulher, até há pouco tempo, considerava inconveniente ser varonil. A repressão de tendências e traços femininos determina um acúmulo dessas pretensões no inconsciente. A imago da mulher (a alma), torna-se, com a mesma naturalidade, o receptáculo de tais pretensões; por isso, o homem, em sua escolha amorosa, sente-se tentado a conquistar a mulher que melhor corresponda à sua própria feminilidade inconsciente: a mulher que acolha prontamente a projeção de sua alma. Embora uma escolha desse tipo possa ser considerada e sentida como um caso ideal, poderá também representar a opção do homem por seu lado fraco. (Isto esclareceria muitos casamentos estranhos)”.

É óbvio que este conflito é mais complicado aos homens, pelo velho apelo cultural a que estão enovelados e ”submetidos”. Me pergunto aqui se não existe um desejo latente, prestes a explodir, de um movimento que diria, poderia se chamar Novo Masculinismo, onde os homens requereriam seu direito a uma certa sensibilidade em face à cultura e à sociedade?

domingo, 1 de novembro de 2009

Música e Senso Estético na Modernidade


Na sociedade contemporânea atual há a tendência em valorar aquilo que acima de tudo é extremamente objetivo e sintético. Não há muito espaço para o subjetivo.
Na música atual acontece o mesmo. A máscara que o mercado fonográfico colocou e todo o mercado e indústria ligados à música, é de um lugar de um falso senso comum, onde o que se interpõe entre mídia e indivíduo é uma robusta molécula de relação instintiva de marketing, encantamento pelo trivial e enovelamento capitalista.
Um exemplo: Os vídeo-games atuais assumiram no momento o papel de intérpretes do mundo real, seja através de jogos de guerra, assassinatos em massa, e também em uma tradução estética pejorativa da música. Um exemplo disso é capitaneado pelo jogo de vídeo game “Guitar Hero”, que implementa e cria uma superficialidade musical na cabeça das pessoas. As crianças não podem ser culpadas por tal fato, (já que são as principais a utilizar os jogos) dado que são facilmente despojadas de senso crítico. O subterfúgio do jogo é o de possibilitar uma fácil apreensão da música, e simular assim o tocar de um instrumento.
Tais condições estéticas não geram nas pessoas a capacidade e a condição de criar e de apreciar uma determinada arte de uma forma subjetivamente mais saudável.
É um empobrecimento cultural determinado pelo extremo apelo do mundo externo e objetivo.
Mentes ávidas por mais calor e sentimento humano podem somente flutuar em mares flácidos como esses.
A beleza do mundo subjetivo consiste em superar as dificuldades do mundo objetivo e protagonizar uma potencialização do mesmo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Publicações pela Net

Olá, pessoal,
Segue links de textos meus publicados recentemente em sites e blogs da internet...
Abrs...

http://www.nucleotavola.com.br/integra.php?integra=127 - Resenha na Revista Távola sobre o livro "A Hora da Estrela" -Clarice Lispector – Entre a Ficção e a Realidade.

http://www.nucleotavola.com.br/integra.php?integra=1 - Pequeno Artigo publicado no Site do Núcleo Távola : Budismo e Psicanálise: Um caminho possível ?

http://www.luz-e-terra.com.br/diversao/materia.php?id=84 - A Arte da Sublimação

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2009/07/a_arte_da_subli.html - A Arte da Sublimação

http://recantodasletras.uol.com.br/contosdefantasia/1836508 - Conto - O Pulo do Gato em Chamas

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Complexo de Afinidade


Complexo de Édipo, Complexo de Castração, Complexo Materno, Complexo de Inferioridade, até Complexo Adiposo estão dizendo por aí... Complexo, complexo, completo... Completo aqui mais uma etnia complexual moderna: Complexo de Afinidade.

Esse, como todos os outros nos ajuda a identificar uma coisa: Somos todos complexados mesmo. E complicados. E nem é para menos. Somos “obrigados” pela Cultura a nos mantermos felizes, disciplinados, antenados, e muitas vezes até alienados.

Somos coisificados pelo sistema.

Resultado: Preocupação, ansiedade, depressão.
Rememorando o comodismo cultural, um fantasma vem e nos diz : Tenha a Santa Afinidade!

Nesse microcosmo de uma cabeça só, penso que apesar de estar na moda hoje em dia essa coisa de afinidade, isso sempre foi uma boa maneira de nos relacionarmos uns com os outros, tendo afinidades.

É importante para o casamento dar certo, para a amizade, etc. Mas importante mesmo é estarmos atentos para uma coisa que usualmente acontece na nossa geração. Qualquer não-afinidade que ocorra em um relacionamento deixa um ou outro atônito, e cai toda aquela máscara de idealização. É sabido em Psicanálise que a idealização é um dos principais mecanismos de defesa do ser humano. Mas é preciso idealizar para viver. Há de que se ouvir a voz da Afinidade, mas é bom e saudável que tenhamos êxito ao enxergar as diferenças e não obturá-las a nosso contento, prejudicando assim o relacionamento.

Existe aquela velha máxima que diz: “Os opostos se atraem”. Não sei se atraem mesmo. Procuramos um pouco de nós mesmos no outro. Mas também buscamos o complemento. O que não queremos é a aporrinhação do que é discordante, conflitante, desarmônico, que são coisas que realmente existem em qualquer tipo e nível que se tenha chegado um relacionamento.

Parece haver um tabu hoje onde o diferente é arma que dispara sozinha. Fique alerta e fique na Sombra! Porque se o Sol te pegar meu filho, ... , Ahhh... Lá pelas tantas o Mar de Rosas vai secar...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Miró e a Composição e Fragmentação do Eu


Miró, reconhecido pintor da Espanha, através de suas pinturas modernas, explorava sua cáustica natureza interna. E em períodos de guerra, expressava o drama, o horror, através de incríveis pinturas, cuja estética elaborava uma dor que podia assim ser diluída em cores.

Uma de suas obras, intitulada "Composição", retratou uma natureza fria, de ausência, deixando a interpretação a cargo do espectador.

Tal pintura surgiu próxima a um período chamado de "Assassinato da Pintura", na qual eram pinturas baseadas em colagens de objetos recortados de jornais, revistas.

A economia cromática realçada nesta obra especificamente pode vir a ser um apanhado de figuras distorcidas, retorcidas de um corpo fragmentado. Em meio a um fundo degradado e frio, semelhante a um Inconsciente desabitado, Miró desdenha da realidade.

Sob a influência do movimento surrealista, Miró permitia-se ao mesmo tempo ser afetado pelo surrealismo, e também se desvincular de qualquer identificação última com qualquer movimento ou postura.

Nesta obra "Composição", com o título contrastando com seu significado talvez, a interpretação vai em torno de uma fragmentação de um "Eu" perante as vicissitudes do mundo.

A Fragmentação é um conceito utilizado em Psicanálise para descrever a situação de um indivídulo perante uma divisão de sua personalidade, consubstanciando uma identidade fragmentada.

As figuras no quadro são interpostas, com membros em pedaços, figuras parecendo a ossos, machados, com um contraste de cores entre o branco, preto, e o vermelho que talvez mostra o sangue em meio a tudo.

O que queria Miró nos mostrar?

Algo relacionado a uma inteireza de um "Eu" que foi desagregado pode ser a resposta.

As particularidades de uma dissociação de tal monta é pensada na Psicanálise por alguns conceitos.

Armando Colognese Jr. em seu livro "A trama do equilíbrio psíquico", manifesta a ideia de momentos da vida de um indivíduo que são marcados por distúrbios psíquicos onde a Pulsão de Morte (conceito Freudiano, exemplo cujo objetivo desta Pulsão é desfazer ligações psíquicas) domina a Pulsão de Vida, de modo que "a Pulsão de Morte toma emprestada a Pulsão de Vida e passa a controlá-la, ou dito de outra forma, a pulsão de vida está a serviço da pulsão de morte. libidinizando-a."

Rosenfeld descreve esse funcionamento mental semelhante a uma gangue mafiosa.

Os objetos no quadro de Miró, por estarem em um período em que ele pintava de guerras e conflitos, talvez queiram salientar que para haver o Outro, tem que existir um "Eu" primeiramente. Ou mais além, significa o não enxergar o outro, por haver esse "Eu" deformado em nós mesmos. Pois nos conflitos exteriores ninguém enxerga o Outro, seu próximo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A Medida da Sublimação

Ato concreto ou proferir desejos sem objeto?
Posso as palavras aqui medir?
Ou atitude desmedida preferir?
Por favor, me diga
Quais fatos tu queres ouvir?
São ou embriagado
Sansão matou o leão pardo:
Não são palavras malditas
Palavras eruditas
São palavras ainda não ditas

Ditongo ou Tritongo
Eis a questão
Prosear frases sem tesão
É como transar sem dizer palavrão
Sublime a vida
Sublima a ação
Verter este sangue em vocábulos
Põe meu mundo em rotação


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Religião e Linguagem

Deus.
O que essa palavra significa para você?
Para você e para muitos ela significa algo grandioso, acima do bem e do mal, e uma gama muito variada de significados, dependendo dos significantes despertados, e do que cada sujeito acredita ou atribui à Deus.
Segundo o Dicionário Brasileiro Contemporâneo de Francisco Fernandes, Deus é um Ser supremo, infinito, perfeito, criador e conservador do universo, a causa necessária de tudo o que existe; Divindade.
Assim como essa palavra específica, cada palavra da nossa língua e de outras, contém uma quantidade de significações que depende do sujeito e sua subjetividade na percepção da vida e da linguagem que sempre o circundou. Cada palavra costuma denotar ou conotar algum sentido. Denotar é mostrar, anunciar por certos sinais, significar, simbolizar. É o sentido literal de alguma coisa.
Conotação é o conjunto de caracteres compreendidos na significação de um dado termo, conceito, etc. Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias associadas, de ordem abstrata, subjetiva.
E em se falando de religião, tudo que aparece nela na maioria das vezes tem um sentido conotativo. Toda religião e o próprio sentido de religião tem um problema sério com a linguagem. Ou porque é rebuscada e cheia de metáforas ininteligíveis para um público “leigo”, ou porque permanece uma linguagem “agridoce” onde os conceitos permitem distorções das mais variadas e escabrosas.
Isso tudo acaba por alimentar preconceitos, não simplesmente por as religiões causarem alienação nas pessoas ditas “religiosas”, mas por causa de que as religiões possam estabelecer falsos conceitos nas cabeças das pessoas.
É preciso separar o joio do trigo.
Os textos religiosos tentam apontar o “dedo” para uma realidade que é o Desconhecido, o incognoscível. E isso é difícil, senão impossível.





Crenças e sofrimentos insalubres

Minha cabeça coroada de espinhos
Meu Deus
Não é igual à Sua
Lavagem cerebral
Não faz espuma

Brilhante é a água do mar
Que iluminada pelo Sol,
Rei maior
Não carece de pompa
Nem de erguer um altar
Desta água não preciso beber
Desta água não preciso provar

domingo, 28 de junho de 2009

A Arte da Sublimação

No pequeno recôndito da sala, o maestro delineia e imagina em sua mente e “alma” sua próxima composição. Neste exemplo de fértil criação, o artista compõe com o véu e linguagem extraídas de conhecimentos cognitivos de música, e de sua relação com sua alma e seus sentimentos, o extrato de algo que se transformará em algo “semi-palpável” de rara beleza e abstração, que entrará em contato com outras subjetividades de outras pessoas, liberando emoções, sensações e sentimentos únicos compartilhados.

Sublimar é uma Arte? Ou fazer “Arte” é sublimar?

Primeiro devemos nos perguntar o que vem a ser Sublimação e o que se desenha a partir da palavra Arte.

“Arte (Latim ARS, significando técnica e/ou habilidade) geralmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores. A arte está por todos os cantos, pois não se restringe apenas em uma escultura ou pintura, mas também em música, cinema e dança. O ser que faz arte é definido como o artista. O artista faz arte segundo seus sentimentos, suas vontades, seu conhecimento, suas idéias, sua criatividade e sua imaginação, o que deixa claro que cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida.” (Fonte : Wikipedia)

Com o advento da Psicanálise na Cultura, a "Arte" sempre é citada como algo simbólico da Sublimação. Às vezes é até confundida com a própria Sublimação.

Freud criou a noção de Sublimação a partir da indicativa de que para existir a civilização houve a "necessidade" de sublimar os instintos.
Segundo Teresa Pinheiro, em seu artigo sobre a “Sublimação e idealização e a pós-modernidade” (http://www.geocities.com/hotsprings/villa/3170/TeresaPinheiro.htm), Birman diz que a sublimação na obra freudiana tem o "estatuto de passagem" funcionando sempre como argumento para demonstração de um outro conceito. Ou seja, Freud jamais construiu uma teoria da sublimação".
Vamos nos ater aqui nesta exposição com ênfase à questão da sublimação da pulsão sexual. A definição de sublimação dada por Freud em 1914 é a seguinte: "A sublimação é um processo que concerne a libido de objeto e consiste no fato de que a pulsão se dirige para um outro objetivo, distante da satisfação sexual; o que é acentuado aqui é o desvio que distancia do sexual".

Freud, usa a Sublimação para designar a mudança de um estado psíquico para outro através de uma “transformação” de uma certa pulsão, a pulsão sexual. A sublimação é algo simbólico de “quando se consegue intensificar suficientemente a produção de prazer a partir das fontes do trabalho psíquico e intelectual”. Segundo ele, tais satisfações parecem mais refinadas e mais altas. Como diz ele em seu livro “O Mal Estar da Civilização”, que, a intensidade da sublimação “se revela muito tênue quando comparada com a que se origina da satisfação de impulsos instintivos grosseiros e primários; ela não convulsiona o nosso ser físico”.

Diz ainda : “A sublimação do instinto constitui um aspecto particularmente evidente do desenvolvimento cultural; é ela que torna possível às atividades psíquicas superiores, científicas, artísticas ou ideológicas, o desempenho de um papel tão importante na vida civilizada. Essas pessoas se tornam independentes da aquiescência de seu objeto, desviando-se de seus objetivos sexuais e transformando o instinto num impulso com uma finalidade inibida.”

Freud, em seus raros momentos de real dúvida, fala sobre a sublimação e a pulsão sexual: “Às vezes, somos levados a pensar que não se trata apenas da pressão da civilização, mas de algo da natureza da própria função (sexual) que nos nega satisfação completa e nos incita a outros caminhos. Isso pode estar errado; é difícil decidir.”

Acredito que a atividade artística é aquela em que há um acesso controlado de conteúdos do próprio inconsciente, inconscientemente, havendo quase que uma passagem sublime de uma instância à outra.

Para Jung, que foi quase ao mesmo tempo grande afeto e desafeto de Freud ao longo de sua vida, ele não se harmoniza em relação à idéia de Freud da sublimação. No seu livro “A Natureza da Psique”, mais precisamente no capítulo “Psicologia Analítica e Cosmovisão”, Jung fala de sonhos, repressão, arte, e sintomas: “Em si, o sonho é uma função normal que pode ser perturbada por represamentos, como qualquer outra função. A teoria freudiana dos sonhos considera, e até mesmo explica, os sonhos exclusivamente sob este ângulo, como se nada mais fossem do que meros sintomas. Outros campos da atividade do espírito, como sabemos, são tratados da mesma maneira pela psicanálise — por exemplo, as obras-de-arte. Mas é aqui onde penosamente se manifesta a inconsistência desta teoria, pois uma obra-de-arte não é um sintoma, mas uma genuína criação. Uma atividade criativa só pode ser entendida a partir de si mesma. Mas se ela é considerada como um mal-entendido patológico, que é também explicado como uma neurose, a tentativa de explicação em breve assume um aspecto lamentavelmente curioso.”


Em relação à beleza abstrata da arte e de outras tantas atividades humanas, Jung remete tudo isso à uma força criadora e propulsionadora existente em todos nós. Diz ele: “Se atribuímos uma poesia de Goethe a seu complexo materno, se procuramos explicar Napoleão como um caso de protesto masculino e um São Francisco de Assis como um caso de repressão sexual, apodera-se de nós um profundo sentimento de insatisfação. Esta explicação é insuficiente, não faz justiça à realidade e ao significado das coisas. O que são, afinal, a beleza, a grandeza e a santidade? São realidades de suma importância vital, sem as quais a existência humana seria tremendamente estúpida. Qual é a resposta correta para o problema de tantos sofrimentos e conflitos inauditos? A verdadeira resposta deveria tocar uma corda que nos lembrasse pelo menos a grandeza do sofrimento.” Ainda completa: “Presenciei muitos casos em que fantasias sexuais anormais desapareceram súbita e completamente no momento em que uma idéia nova ou um conteúdo novo se tornaram conscientes, ou em que uma enxaqueca cessou inteiramente de repente, assim que o enfermo se tornou consciente de um poema inconsciente.”

Logo depois, ele fala algo que acho de maior importância:

“Da mesma forma que a sexualidade pode exprimir-se impropriamente através de fantasias, assim também uma fantasia criadora pode exprimir-se impropriamente através da sexualidade.”

Podem ser considerados atos sublimados, além da criação artística propriamente dita, o trabalho e até o lazer, por que não? O prazer obtido no lazer pode ser considerado um prazer substituto à um prazer sexual ? Acho que pode ser considerado um prazer de “ordens” ou de qualidades diferentes, assim como é prazeroso e diferente se apreciar um cheiro de um incenso, ou se comer um chocolate ao invés de uma pizza, se ouvir rock ou um bom jazz. Tudo vira uma questão de qualidades de ordens diferentes.

O ser humano é dotado de uma série de potencialidades que se desdobram da possibilidade e exclusividade única e inequívoca de se obter prazer via sexualidade. É verdade que o conceito de sexualidade para Freud tem uma conotação ampla, e não podemos nos enganar ou fantasiar sobre isso de maneira inapropriada. O próprio ato de comer pode ser considerado algo vinculado à sexualidade. Mas devemos refletir sobre o assunto e nos perguntar se não é algo profundo pensar se somos somente obra de um instinto de vida interessado apenas em nos propagar, nos remetendo sempre à necessidade sexual, como se qualquer outro prazer ou ato fosse apenas uma benesse disponível “substitutiva” para mitigar o instinto e as pulsões sexuais sempre presentes.

Segundo o psicanalista Luís Fernando Scozzafave (blog Sinapse Oculta) “A Pulsão sexual não apenas vai ser dirigida para a reprodução e para o ato sexual em si. Há a dinâmica de: 1- Encontrar o “alvo” , 2- Descarregar a energia (Libido) 3- Repouso”.
Então, essa libido ora descarregada, ora não, encontra modos de se veicular através de outros meios.

É certo que muitas de nossas ações são investidas de libido, de um certo teor vindo da sexualidade. É tudo de alguma forma erótico, um instinto de Eros. A arte é de alguma forma erótica também.

No tocante à fantasia criadora dita por Jung, quando exprimida através da arte, pode assumir uma variada gama de possibilidades. Aí vem uma pergunta difícil: O que pode ser considerado Arte?

O móvel rústico de seu quarto pode ser uma obra de arte. A invenção da roda pode ser arte. Até mesmo o modo que o vendedor de biju no trânsito arranjou para atrair seu cliente pode também pode ser arte. Isso é subjetivo. Bocato, um grande trombonista brasileiro disse uma vez de forma humilde: “Um dia espero estar fazendo arte”.

A Arte não se restringe na sua “arte final”, no seu “objeto” idealizado final. Vejamos por exemplo um belo edifício moderno projetado por um arquiteto junto ao seu engenheiro responsável. A capacidade do engenheiro fazer complexos cálculos com parâmetros extremamente racionais pode ser a fundação para uma obra de arte. Energia sublimada pelo arquiteto em sua criação, e o prédio, em seu acabamento, lapidado pela tinta misturada pelo auxiliar de manutenção, é tudo um processo. A arte ou atividade dita “sublimada” é um processo em que toda a civilização e cultura está envolvida.

Apesar disso, muito se discute o valor da arte na contemporaneidade. Talvez porque há de se temer seus conteúdos. Dizem que ela, em suas diversas expressões (música, obras, ciência, literatura, pintura, poesia, etc) é supérflua, isto é, que não existe para nossa sobrevivência. É certo que para sobrevivermos e bem, talvez precisemos de muito além de pão. Precisamos de pão e circo. Nossos “instintos” nos obrigam... Nós precisamos de sexo, carinho, amizade, sermos reconhecidos entre nossos pares, precisamos de descanso, de deslumbramento, e de surpresa. (Nosso cérebro é comprometido com a possibilidade de existência de surpresas, é inato ao ser humano essa necessidade).

Difunde-se a superfluidade da arte. Mas eu me pergunto se o verdadeiro sentido que podemos dar à vida é o de que somos todos “artistas” de alguma forma. (Quis dizer aqui, artistas no palco da vida, no sentido “bom” e amplo da palavra, não relativo a uma possibilidade inata caricatural de artista de 15 segundos de fama, ou relativo á necessidade ou carência narcísica na busca de afirmação em relação ao outro).

No nível sutil da vida, o que ocorre quase sempre é uma procura inexpurgável de se encontrar um outro, de se relacionar com o outro. De fazermos da vida um algo compartilhado.
O trabalho, como algo aferrado somente à subsistência, vira algo morno com sintomas de podridão. É preciso algo mais. E algo mais movimenta o homem em seus desejos. O vínculo ora desejado, ora rejeitado, tem como padrão a imensa necessidade de estarmos unidos, mesmo quando achamos que estamos sós.

Voltando à sublimação, os prazeres ou capacidades na vida podem ser mais simples do que se imagina. A capacidade de ver, enxergar, ouvir, pensar já pode ser considerada em seu princípio um ato sublimado ou sublimatório.

A energia instintiva para a realização da pulsão sexual é limitada em um determinado período de tempo e espaço, sendo assim, a energia psíquica é direcionada para várias atividades humanas. No fundo, a Arte tem uma conotação sexual. Tem, porque, não que seja usada como substituto da pulsão sexual... Tem conotação "sexual" porque tem o objetivo de Atingir o Outro. Faz parte do instinto de Eros, é erótico... Seria um "Nu Artístico”... Desnudar-se para o outro ver. Ou pode ser até auto-erótico se a arte ficar restrita ao olhar do criador.

Sendo o objetivo deste texto o de apenas refletir sobre o assunto, não convém chegar a conclusões finais, ou saturar os conceitos em construção.
Seguindo a pergunta inicial proposta aqui no início desta exposição, acho que todos nós “sublimamos” de alguma forma. Alguns mais, outros menos. Para finalizar, não podemos deixar de citar alguns tremendos “sublimadores” : Shakespeare, Beethoven, Paul McCartney, Fernando Pessoa, Buda, Gandhi, Ayrton Senna, Freud, Jung, etc, etc, etc...


Caio Garrido
www.caiogarrido.blogspot.com

domingo, 24 de maio de 2009

Fazer Análise - Uma experiência científica


Fazer análise, viver a psicanálise, estudar o inconsciente, ser trasnsformado por ele, transformar o inconsciente, se reinventar, tudo isso é uma experiência científica em si mesmo.

As teorias da psicanálise são algo em que podemos nos guiar para conhecer um pouco o humano e suas pendências com seus desejos.

Certamente, existem teorias científicas no mundo que podem ser demonstradas empiricamente. No caso das teorias psicanalíticas, o que emerge delas é algo mais complexo, pois elas mesmas se depõe umas contra as outras ou se complementam de alguma forma, apresentando vários nichos teóricos onde vários especialistas e analistas se reúnem em um determinado modelo para sedimentar experiências e guiar suas clínicas de acordo com alguns parâmetros condensados, para filtrar os significados e interpretações dos conteúdos e expressões do inconsciente. A Psicanálise é algo que tem que ser vivenciado em si mesmo.

Vivenciar o inconsciente na análise, nos sonhos decorrentes dela, nas rearticulações do passado no presente, é uma tarefa difícil pois envolve um encontro às vezes descomunal com o desconhecido. O desconhecido em si mesmo. Algo que sempre foi o indivíduo ou parte dele, mas que nunca verdadeiramente se apresentou a ele.

Fazer análise é ao mesmo tempo ser objeto e pesquisador de si.

Agora, ser analista é um assunto para uma outra conversa.

sábado, 28 de março de 2009

Natureza da Realidade é Subjetiva?


Para responder essa difícil pergunta é tentador buscar respostas fáceis. Para não cair nessa armadilha, e especularmos acerca deste assunto, devemos nos apropriar de conhecimentos que a filosofia já nos dá a priori.

Quanto à natureza da realidade, podemos distinguir alguns aspectos de qual realidade estamos falando e lidando:

- Realidade Absoluta

- Realidade do bem comum ou do senso comum nas relações humanas

Como diz John Lewis em seu livro "História da Filosofia", a natureza da realidade não é simplesmente o que ela parece ou aparenta: "Os filósofos, a partir de Platão, tem compreendido que as aparências são ilusórias e que a realidade é mais profunda do que o óbvio". Ele diz ainda: "Significamos, pois, por Realidade as coisas como realmente são, depois que todo erro e ilusão foram corrigidos."

Agora cabe questionarmos: Cada pessoa é diferente da outras, não existindo um só indivíduo igual a outro. Indo além, cada um tem seu próprio mundo interno e suas próprias percepções, não havendo uma Realidade Última de percepção da própria realidade que seja comum a duas pessoas de maneira total e inequívoca. Desta forma, nunca haverá de ter uma realidade comum para duas pessoas diferentes. Estaremos falando de no mínimo duas realidades distintas, indissociáveis da presença da Mente. Isto, pois, a realidade depende do fator "Mente". Desse ponto de vista, a realidade sempre será subjetiva. Se tirarmos a Mente do jogo, o que sobra? Átomos, elétrons, nêutrons, "Consciência cósmica" ?

Átomos, elétrons e a infinidade de substâncias e ondas existentes no Universo, formam o Todo, o Universo, a Realidade. Em uma experiência científica, por exemplo, ao se buscar a observação direta de um elétron e seu movimento, várias coisas foram descobertas. "O elétron é interessante, pois está sempre em movimento, sendo impossível prever exatamente onde está localizado em um determinado instante, e é como se aparecesse em um lugar e depois em outro, mas sempre ao redor do núcleo quando estável."

Na verdade, até o fato de se observar implica no resultado da observação, pois no ato de se observar, pelo menos um fóton é liberado para a observação, fato que gera um resultado não totalmente objetivo.

O Real, parece esbarrar na limitação, nos limites que encontramos em nós mesmos, para diferenciar ilusão da realidade.

Mesmo na fantasia, o mundo vai acolher essa fantasia se houver uma correta articulação dela com o real, o que é perfeitamente possível. Isto é, tornar o seu desejo fantasístico uma realidade. É óbvio que ocorre nessa passagem da fantasia em algo plausível de ser realizado na realidade em que habitamos, uma transformação, uma lapidação.

Ainda assim, a Fantasia, considerando-a como uma realidade subjetiva do sujeito, e esta realidade, apesar de subjetiva, tem uma realidade quase que intrinsecamente objetiva para o sujeito, pois é uma experiência "real" para quem a vive.

Como a indagação deste Proto-Artigo indica, dificilmente iremos nos contentar com uma resposta última ou mágica a respeito deste assunto. Devemos apenas nos questionar e refletir se a realidade absoluta ou não, tem um caráter estritamente subjetivo. Porque há uma implicação forte nesta afirmação, pois o subjetivo muitas vezes implica em "aparência" e ilusão, o que vai contra o conceito de Realidade ou Verdade Última ou Absoluta.

Se a Realidade pode ser designada como realidade comum a uma sociedade de seres vivos ou não, esta realidade vai estar atrelada à Cultura, na qual, desta mesma forma, cairá em uma Realidade Subjetiva.

Agora, se a Realidade a se conceituar aqui for a da Realidade Absoluta, austera, certamente com a limitação que nos habita, não será possível desvendar e identificar a tal realidade das causas últimas.

Para um "Mesmo Alguém" existir e detectar simultaneamente, isso implica num paradoxo.

Se por acaso me perdi nos conceitos aqui, por favor me tragam a realidade, rsrs.
Caio Garrido
Obs: Após ter postado esse texto aqui no blog, curiosamente li algo sobre Kierkegaard , que postulou entre outras coisas, que a Verdade é subjetiva. Vale a pena pesquisar...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Inconsciente Coletivo, Angústia e Criatividade


Depois de algum tempo sem escrever, ou ter algo útil a compartilhar, mexo no molho e do caldeirão saem algumas idéias que brotam da partilha de idéias de outros.

A matéria-prima da criatividade quase sempre vem de uma ponte que se estabelece entre o inconsciente e o consciente. Donald Meltzer, em seu livro "O Processo Psicanalítico", cita como exemplo a atividade analítica. Tal atividade, assim como uma atividade que tem que ser sempre ser mantida em alto nível, como à dos atletas e dos artistas virtuosos em geral, deve ser mantida sempre com uma confiança inabalável no inconsciente, assistido e observado pelo órgão da consciência.

Eu acredito que para haver tal "ponte", além de uma certa potência interna e uma disponibilidade dos conteúdos inconscientes atravessarem a psique em direção à consciência, existe uma terceira camada de eventos que deve haver para contribuir no incremento da criatividade, que seria a contribuição de outras pessoas, isto é, na coletividade , ou em grupos, equipes, surgem a matéria-prima para o desenvolvimento de novas percepções da realidade e de novas posturas frente a ela. Nessa condensação de idéias acaba se gerando insights, em termos de linguagem.

Jung confia muito no seu conceito de Inconsciente Coletivo. Por minhas percepções, apesar de muito banais ainda, e por ainda não ter um completo conhecimento da obra de Jung, e até em relação de sua obra em relação à do próprio Freud, penso que está cada vez mais claro tal concepção. Explico: Parece haver uma certa opacidade nas relações humanas nos dias de hoje. Eu estava navegando pela Internet, e observando blogs que são digamos, meio existenciais, filosóficos, e são marcados pela angústia de pessoas comuns como a gente, e estão mostrando uma tendência e uma certa presença de várias angústias comuns à várias pessoas. As formas que as angústias existenciais que tecem a vida em geral, apesar de bem diversas, parecem sempre apontar para os mesmos tipos de dúvidas. Isso organiza uma vasta rede de pensamentos comuns a todos que pode muito bem designar o que Jung ditou como Inconsciente Coletivo. A "evolução" ou involução pela qual passamos pode muito bem estar no mesmo estágio.

Aonde eu quero chegar? Primeiro, que nada vem de si próprio somente. Qualquer forma de expressão, linguagem ou ato em geral, vem de certa forma de outrem. E indo além, vem do inconsciente coletivo.

Além disso, para a criatividade atingir a si mesmo e possibiltar sua expressão, deve ultrapassar as resistências vindas da angústia e ultrapassar outros sofrimentos psíquicos.
Caio Garrido

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Madame Obama: Um novo modelo de inveja para o mundo?


É incrível e indescupavelmente devastador como a mídia e a mente coletiva da sociedade, de tempos em tempos, catalisam idéias e as distribuem como verdade camuflada do que há de honesto e verdadeiro. Pegam uma figura como o “New President of the USA” e usam a imagem de sua esposa, a primeira dama, como um chamariz mais intenso que o próprio Obama para se tornar a nova discussão e a nova queridinha do momento. Por que o fazem?
Há uma espécie de realização de um desejo perverso de mão dupla na sociedade, onde o “povo” aparentemente associa a imagem da figura feminina da primeira dama dos EUA, onde a forma, a aparência veiculada se torna um novo modelo, tornando tudo que veio antes obsoleto, e como um ato refratado, os atributos da Mulher em questão são usados de forma arcaica para satisfazer a Inveja que passa quase desapercebida a todos.


Qual será a nova figurinha do cardápio? Quem sabe não será você??!


Caio Garrido