sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Lançamento livro - parapeito- Caio Garrido


Eu e a Editora Patuá convidamos a todos para o lançamento do livro "parapeito" - Caio Garrido

O evento será realizado dia 11/12 a partir das 19h30 no Bar Paulistânia - R. Daniel Kujawski, 193, Ribeirão Preto - SP.

A entrada para o evento é gratuita e o livro estará à venda por R$ 30,00 (pagamento apenas em dinheiro ou cheque). O evento terá música ao vivo (Acústico - Voz e violão e não haverá cobrança de couvert artístico).

O livro já está à venda em nosso catálogo. As compras pelo site podem ser parceladas em até 12x. Aproveite!

Saiba mais sobre o livro e o autor em: http://www.editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=216

Em breve, lançto. em SP.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Indústria de imposição cultural

Ah, cansados de tanto conhecimento... Tanto conhecimento improdutivo... Onde a arte e a cultura não chegam até Deus. Fausto em novas facetas; As faces macabras da indústria cultural.

 Você prefere o ‘Funk Ostentação’, Funk Procriação ou a Mulher Chiclete? Que gruda em seus olhos e ouvidos e opera uma catarse emocional onde a única fonte e objetivo é o capital?
Que os antigos filmes futurísticos nos protejam. Pois o apocalipse agora é real e faz mais crentes por metro quadrado do que toda antiguidade.
Ver TV é o mesmo que ir ao cinema que é o mesmo que ir à igreja, que está na TV, que deus nos proteja, anuncia o último sucesso musical cristão.
Não tenho nada contra os evangélicos nem com os cristãos. Vejo até grandes atributos no que uma comunidade religiosa pode proporcionar a uma pessoa. Isto quando a coisa não é distorcida a um grau já definhado.
Mas tudo faz parte de um grande pacote da indústria cultural, que entorpecendo as massas, dita as regras e nivela por baixo o grau a ser superado para se atingir um padrão estético que seja o suficiente para manter uma sociedade hiper-estimulada, induzindo a velha fábrica de seres não pensantes.
E cada vez mais temos que nos voltar para a tela do computador – infelizmente – para que possamos ter uma experiência de qualidade, como assistir a um bom filme – fugindo da legião de iguais nas telas grandes – ou ler uma opinião jornalística aprofundada, ou simplesmente ter o prazer de saber que existe boa música por aí. Mas isso sempre com muita pesquisa, pois não se consegue descobrir o benéfico e distinto em meio à imensa malha da rede virtual.
Em meio a essa virtualidade, o que pode ser considerado arte vai se tornando cada vez mais banal e aberto a qualquer critério.
Mas o que é vida senão uma grande banalidade? A televisão se tornou metalinguística, ora pois; Ou foi a vida? Reality shows; “O show da vida!”
Que o Show de Truman nos proteja.

A arte e a cultura deveriam ter o poder e capacidade de ampliar o campo de visão de um sujeito, e não estreitar sua possibilidade de ver, ouvir, sentir, pensar. A sutil Banalidade do Mal.
Bem ou mal, o fato é que o cinema, ou a arte contemporânea, ou a música, ou o jornalismo (vide o anúncio de fechamento de grandes revistas nacionais de cultura) e outros, tornam-se cenários de grandes torturas pra quem gosta de arte. É como se todo o ‘lixo eletrônico’ da sua pasta SPAM viesse à tona a todo o momento.
Estes lócus artísticos vêm se tornando palco para as pirotecnias da indústria cultural, que tal qual vendedor de uma nova gramática, se aprofunda em fazer o que sabem de melhor: Marketing, propaganda. Pois vivemos numa sociedade em que fazer merda ao vivo no youtube é sinal de criatividade, bom gosto e dom divino.
Mas merda não é privilégio do youtube. Haja vista uma recente exposição na respeitabilíssima Royal Academy of Arts. Os detalhes sobre a peculiar exposição estão descritos no livro “A Civilização do Espetáculo” de Mario Vargas Llosa – Prêmio Nobel de Literatura em 2010. Mario fala sobre a obra de um jovem chamado Chris Ofili, que monta suas obras sobre bases de cocô de elefante solidificado. Esta e outras do rapaz deram o que falar na exposição, pois o que vale hoje é gerar publicidade.

E os intestinos estão soltos e atingem a todos...
Tenho bons amigos que já estão acreditando que deve ter um pouco de arte no funk ou no sertanejo universitário, afinal, eles representam o gosto popular.
Quem se lembra do Saltimbancos, estouro de sucesso na época gloriosa dos Trapalhões? Ou o Plunct Plact Zum, programa especial infantil exibido na década de 80? O que o popular daquela época difere desta? A trilha sonora desses antigos programas e filmes é detalhista na resposta: Maria Bethânia, Chico Buarque, Raul Seixas, Elba Ramalho, trazendo músicas populares que até hoje fazem parte do nosso dicionário de lembranças.
Pois fui então a outro dicionário e encontrei o significado não de popular, mas de popularesco. O que é popularesco: “Baixo calão, má qualidade, qualidade duvidosa. Que é vulgar ou de baixa qualidade. Que imita o que é popular.”
Prefiro acreditar neste velho oráculo.



Caio Garrido

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Encontros Psicanalíticos na Vila

O Núcleo Tavola | Espaço São Paulo, em parceria com a Livraria da Vila, a partir de agosto de 2013 receberá os maiores nomes da Psicanálise brasileira, tratando dos temas mais pungentes da contemporaneidade, com assuntos que vão da teoria e prática clínica à sociedade.
Mais informações: http://nucleotavola.com.br/sp/
e https://www.facebook.com/nucleotavolasaopaulo

quinta-feira, 14 de março de 2013

O “furo” da Arte


Pudemos observar nas últimas semanas o desdobramento de um fato que ainda traz ressonâncias na mídia e na arte: O “caso Isabella”. Recentemente, o espetáculo teatral “Edifício London” da Cia de Teatro Os Satyros, escrito por Lucas Arantes e dirigido por Fabrício Castro, e que por ter sido influenciado pelo caso em sua expressão, teve sua estreia proibida na cidade de São Paulo. Não fosse isso somente, a discussão se acalorou em torno da liberdade de expressão e da censura em nosso país.

É legítima a decisão judicial? É legítimo o desejo da mãe de Isabella buscar a iniciativa da busca de uma proibição?

O espaço ou liberdade individual de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, já havia sido invadido no momento em que Alexandre Nardoni entrou na sua vida, e não agora, por uma peça teatral fazer algum tipo de referência ao acontecimento.

Seu lugar e seu luto foram então violados pelas sucessivas abordagens que o mundo jornalístico deu ao caso.

O que aconteceu factualmente no crime? Quais explicações psicológicas vieram? O não saber é angustiante por natureza.

Mas o apelo jornalístico aponta sempre para o passado. A Arte tenta apontar para o futuro.

Entre fatos e futuros não está o furo de reportagem. O furo jornalístico já vem furado por se preencher e se alimentar de um impacto. Quando o impacto é grande, todos os tipos de crateras submersas se revolvem, voltam à vida e se autorreproduzem, criando versões, opiniões, construções imaginosas, podendo se distanciar da verdade. A mídia se apropria então das versões com um grau de indecência que só ela sabe, se utilizando de um sensacionalismo que vai das formas mais perversas às mais sutis.

Como então exigir da arte uma abordagem pura, se a mídia já dissecou e subverteu o caso?

Foi questionado que a peça “Edifício London” tenha violado a liberdade ou espaço individual da mãe de Isabella.

A liberdade individual se dá no espaço social, à medida que esse espaço permite o ser político do ser humano. A possibilidade de diálogo é a justa medida em que a liberdade de se expressar se ajusta. A arte sempre aponta para um possível diálogo. Segundo a filósofa política Hannah Arendt, “onde há política, há espaço público e onde há espaço público, há diálogo; e onde há diálogo, há direitos”.

Entre vasculhar a memória, livros, ou leis, só conseguimos chegar a um lugar que é do passado. Está morto. Para elaborar a questão da liberdade de expressão e de sua censura, um ato possível é utilizar a intuição. A intuição vem de um espaço que é de onde surge o verdadeiro pensamento, o que traz o novo, a descoberta.

E foi isso que a lei violou. A possibilidade do novo.

A Arte deve ser disruptiva; Aquilo que inclusive pode romper com uma censura do psiquismo, entre o que pode entrar e sair do inconsciente/consciente. E tudo que vem romper com algo, geralmente é “censurado” de uma forma ou de outra. Não é aceito de imediato. As maiores teorias sobre o humano – por exemplo a de Freud – sofreram com a não aceitação imediata. A Arte não tem a obrigação de ser provocadora, mas pode e deve provocar. A boa Arte é em algum sentido subversiva e traz através da ficção, uma verdade. Se essa é a crítica em relação à peça, então ela é “culpada”. E ao mesmo tempo um êxito.

Nesse ponto, talvez a peça tenha mais verdade do que tudo o que se veiculou durante um bom tempo no medíocre espaço “público” televisivo.

A peça teatral em questão dialoga em favor da sociedade e não contra. Talvez a verdade seja um tanto difícil de suportar. A verdade que subjaz sob os interesses e artimanhas do psiquismo humano.

A Arte se serve de metáforas, e talvez esses acontecimentos recentes poderiam servir como um severo chacoalhão na sociedade coisificada, em que talvez seja necessária uma urgente melhora no pensamento, na apreensão da arte e da vida.

Com essa proibição, perdemos o melhor que poderíamos obter: A discussão sobre o objeto artístico da peça, o humano e seus movimentos e mobilizações interiores. Eu sei, porque tive oportunidade de ver. Esse é um outro problema da censura: Uma longa discussão sobre o que não se viu.


"Quando a realidade não da conta de suplantar os mistérios, de esclarecer os motivos de determinados desvios sociais, a arte busca preencher o vazio desse mistério com perguntas e soluções possíveis. Discutir o papel da arte como crônica do seu tempo, expandido a noção de notícia para uma perspectiva artística, descobrindo outras possibilidades na mudança deste ponto de vista, permearam toda construção ficcional, lançando novas luzes sobre a realidade ao trazer a reflexão da mesma de uma maneira estética. Os noticiários nos atingem de forma agressiva e falta tempo para digerir tantas informações. Com isso, todas as notícias se tornam superficiais e se mostram incapazes de atribuir novos significados à realidade, sendo esta, impossível de ser conhecida completamente. Na escrita deste espetáculo, não houve a necessidade de assemelhar-se com o real, mas sim buscar uma simulação para instaurar a dúvida sobre o princípio de realidade. Pretende-se ultrapassar o efeito do real, criando, por meio da interseção entre o sonho e a realidade, uma terceira dimensão. Uma peça de teatro escrita será sempre diferente da transfiguração das mesmas palavras para o palco. A cena tem uma urgência do seu tempo e de outros criadores com seus tempos. O espetáculo se justifica por ele mesmo. O texto também se justifica, mesmo que isoladamente. Um texto de teatro terá sempre as suas grandezas e equívocos, assim como um espetáculo teatral. Por isso ambos dialogam e se completam. Por isso a necessidade de se publicar uma peça de teatro. E também de sua encenação" - Lucas Arantes