Ah, cansados
de tanto conhecimento... Tanto conhecimento improdutivo... Onde a arte e a
cultura não chegam até Deus. Fausto em novas facetas; As faces macabras da
indústria cultural.
Você prefere o ‘Funk Ostentação’, Funk Procriação ou a Mulher Chiclete? Que gruda em seus olhos
e ouvidos e opera uma catarse emocional onde a única fonte e objetivo é o
capital?
Que os
antigos filmes futurísticos nos protejam. Pois o apocalipse agora é real e faz
mais crentes por metro quadrado do que toda antiguidade.
Ver TV é o
mesmo que ir ao cinema que é o mesmo que ir à igreja, que está na TV, que deus
nos proteja, anuncia o último sucesso musical cristão.
Não tenho
nada contra os evangélicos nem com os cristãos. Vejo até grandes atributos no
que uma comunidade religiosa pode proporcionar a uma pessoa. Isto quando a
coisa não é distorcida a um grau já definhado.
Mas tudo faz
parte de um grande pacote da indústria cultural, que entorpecendo as massas,
dita as regras e nivela por baixo o grau a ser superado para se atingir um
padrão estético que seja o suficiente para manter uma sociedade
hiper-estimulada, induzindo a velha fábrica de seres não pensantes.
E cada vez
mais temos que nos voltar para a tela do computador – infelizmente – para que possamos
ter uma experiência de qualidade, como assistir a um bom filme – fugindo da
legião de iguais nas telas grandes –
ou ler uma opinião jornalística aprofundada, ou simplesmente ter o prazer de
saber que existe boa música por aí. Mas isso sempre com muita pesquisa, pois
não se consegue descobrir o benéfico e distinto em meio à imensa malha da rede
virtual.
Em meio a
essa virtualidade, o que pode ser considerado arte vai se tornando cada vez
mais banal e aberto a qualquer critério.
Mas o que é
vida senão uma grande banalidade? A televisão se tornou metalinguística, ora pois;
Ou foi a vida? Reality shows; “O show
da vida!”
Que o Show de Truman nos proteja.
A arte e a cultura
deveriam ter o poder e capacidade de ampliar o campo de visão de um sujeito, e
não estreitar sua possibilidade de ver, ouvir, sentir, pensar. A sutil Banalidade do Mal.
Bem ou mal,
o fato é que o cinema, ou a arte contemporânea, ou a música, ou o jornalismo
(vide o anúncio de fechamento de grandes revistas nacionais de cultura) e outros,
tornam-se cenários de grandes torturas pra quem gosta de arte. É como se todo o
‘lixo eletrônico’ da sua pasta SPAM viesse à tona a todo o momento.
Estes lócus artísticos vêm se tornando palco
para as pirotecnias da indústria cultural, que tal qual vendedor de uma nova gramática, se aprofunda em fazer o que
sabem de melhor: Marketing, propaganda. Pois vivemos numa sociedade em que
fazer merda ao vivo no youtube é sinal
de criatividade, bom gosto e dom divino.
Mas merda
não é privilégio do youtube. Haja
vista uma recente exposição na respeitabilíssima Royal Academy of Arts. Os detalhes sobre a peculiar exposição estão
descritos no livro “A Civilização do Espetáculo” de Mario Vargas Llosa – Prêmio
Nobel de Literatura em 2010. Mario fala sobre a obra de um jovem chamado Chris
Ofili, que monta suas obras sobre bases de cocô de elefante solidificado. Esta
e outras do rapaz deram o que falar na exposição, pois o que vale hoje é gerar
publicidade.
E os
intestinos estão soltos e atingem a todos...
Tenho bons
amigos que já estão acreditando que deve ter um pouco de arte no funk ou no
sertanejo universitário, afinal, eles representam o gosto popular.
Quem se lembra
do Saltimbancos, estouro de sucesso
na época gloriosa dos Trapalhões? Ou
o Plunct Plact Zum, programa especial
infantil exibido na década de 80? O que o popular daquela época difere desta? A
trilha sonora desses antigos programas e filmes é detalhista na resposta: Maria
Bethânia, Chico Buarque, Raul Seixas, Elba Ramalho, trazendo músicas populares
que até hoje fazem parte do nosso dicionário de lembranças.
Pois fui
então a outro dicionário e encontrei o significado não de popular, mas de
popularesco. O que é popularesco: “Baixo calão, má
qualidade, qualidade duvidosa. Que é vulgar ou de baixa qualidade. Que imita o
que é popular.”
Prefiro
acreditar neste velho oráculo.
Caio Garrido